Inovar não é mais uma escolha — é uma questão de sobrevivência em mercados cada vez mais dinâmicos e tecnológicos. Mas, quando o assunto é tirar ideias do papel, muitos empreendedores e gestores se deparam com um obstáculo comum: como financiar projetos inovadores?

Essa foi exatamente a provocação central do Executive Meeting — Do Projeto à Execução: Como Captar Recurso Financeiro para Inovar, promovido pela Inbix. O evento reuniu líderes e especialistas que ajudaram a desmistificar o processo de captação de recursos e apresentaram caminhos concretos para quem deseja inovar nos setores de comércio, indústria e agro.

O encontro contou com três nomes de peso:

  • Sérgio Hekave – Gestor no atendimento empresarial na região dos Campos Gerais, no BRDE.

  • Marcelo Figueiral – Estrategista em negócios inovadores.

  • Liziane Tittato – Consultora PDI nos Institutos Senai de Tecnologia e Inovação do Paraná.

Cada um trouxe uma visão prática sobre onde e como buscar recursos, além de orientações valiosas sobre como preparar projetos que realmente atraiam financiadores.

Por que é tão desafiador captar recursos para inovar?

Especialistas reforçam que, embora existam muitas linhas de financiamento e oportunidades no mercado, as empresas ainda enfrentam algumas barreiras:

 
  • Desconhecimento sobre as opções disponíveis;

  • Dificuldade em estruturar projetos que atendam aos requisitos de financiadores e investidores;

  • Receio do endividamento ou falta de compreensão sobre os riscos e benefícios dos financiamentos.

 

Muitas vezes, empresas com potencial acabam ficando de fora de programas de fomento por falta de informação ou preparo técnico para apresentar seus projetos de forma clara e viável.

Como funciona a captação de recursos para inovação?

Fontes de recursos: públicas e privadas

As principais fontes citadas no evento incluem:

  • Linhas de crédito públicas, como as do BRDE e da FINEP.

  • Editais de fomento à inovação, como os do CNPq, Senai e Embrapii.

  • Investimentos privados e fundos de venture capital.

  • Parcerias com institutos de pesquisa e universidades.

💡 Dica prática: Para quem busca linhas públicas, o portal do BRDE (acesse aqui) e o Mapa de Editais do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (veja aqui) são pontos de partida essenciais.


O que diferencia projetos que conseguem captar recursos?

Segundo os palestrantes do evento, os projetos de sucesso têm em comum:

  • Clareza no propósito inovador.

  • Impacto mensurável no mercado ou na sociedade.

  • Viabilidade técnica e econômica bem definida.

  • Parcerias estratégicas consolidadas (com empresas, institutos de pesquisa, etc.).

👉 Liziane Tittato reforçou que, no setor industrial e no agro, é crucial alinhar o projeto com tendências tecnológicas e demandas reais do mercado.

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Quais são as melhores oportunidades nos setores?

Comércio
Inovação em atendimento, gestão de estoques inteligente, integração com e-commerce, automação de processos.

Indústria
Indústria 4.0, eficiência energética, sustentabilidade, novos materiais, digitalização de processos produtivos.

Agronegócio

Agricultura de precisão, biotecnologia, gestão inteligente de recursos hídricos, rastreabilidade de cadeias produtivas.

Como preparar sua empresa para captar recursos?

Passo 1: Diagnóstico de inovação.

Antes de buscar recursos, conheça o nível de maturidade de inovação do seu negócio. Consulte ferramentas como o Radar da Inovação do Sebrae (link aqui).

 

Passo 2: Defina metas claras.

Quais problemas seu projeto resolve? Como ele se conecta com o futuro do seu setor?

 

Passo 3: Elabore um plano de inovação.

Inclua escopo técnico, cronograma, orçamento estimado e métricas de sucesso.

 

Passo 4: Procure apoio técnico.

Institutos como o Senai de Tecnologia e Inovação podem ser aliados na formulação e execução do projeto.

 

Atenção: Projetos bem estruturados têm mais chances não só de conseguir recursos, mas também de atrair parceiros estratégicos. E, durante o evento, foram abordadas duas metodologias de análise muito interessantes que podem ajudar empresas nessa preparação.

Manual de Oslo

Uma das metodologias de análise citadas por Marcelo Figueiral durante o meeting foi o Manual de Oslo, que é uma das principais referências internacionais para a definição e a mensuração da inovação.

 

Esse manual detém um conjunto significativo de diretrizes para o desenvolvimento de indicadores de inovação comparáveis entre os países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Ele aborda questões de metodologia e interpretação que podem surgir ao utilizar tais indicadores. Seus dois principais objetivos são: fornecer uma estrutura para a evolução da pesquisa existente em direção à comparabilidade e auxiliar novos pesquisadores neste campo.

 

Ele se parametriza, basicamente, em quatro premissas fundamentais (ou tipos) de inovação, que ajudam a categorizar as diferentes formas como a inovação pode ocorrer nas organizações. Essas premissas são:

 
  1. Inovação de produto: Introdução de um bem ou serviço inédito ou consideravelmente aprimorado, em termos de suas características ou usos pretendidos. Essa melhoria abrange aspectos como especificações técnicas, componentes, materiais, software integrado, usabilidade ou outras funcionalidades.

  2. Inovação de processo: Implementação de um método de produção ou distribuição novo ou significativamente melhorado. Envolve mudanças consideráveis em técnicas, equipamentos ou software.

  3. Inovação de marketing: Aplicação de um novo método de marketing envolvendo alterações relevantes no design do produto, na embalagem, na colocação, promoção ou estratégias de precificação.

  4. Inovação organizacional: Introdução de um novo método organizacional nas práticas de negócios da empresa, na organização do local de trabalho ou nas relações externas.

Technology Readiness Levels (TRLs)

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Technology Readiness Levels (TRLs)

As TRLs (Technology Readiness Levels), metodologia apresentada por Marcelo, são uma escala que mede o nível de prontidão ou maturidade de uma determinada tecnologia — desde a ideia inicial até sua aplicação comercial completa.

Essa escala foi originalmente desenvolvida pela NASA, mas hoje é amplamente adotada por governos, universidades e empresas. Ela também é utilizada em editais de fomento à inovação para avaliar o estágio de desenvolvimento de tecnologias.

As TRLs representam as etapas de desenvolvimento de ideias e pesquisas, em uma escala que vai de 0 a 9, sendo:

  • TRL 0 – Nascimento da ideia

  • TRL 1 – Início das pesquisas, observação e relato

  • TRL 2 – Conceito e aplicação

  • TRL 3 – Prova de conceito, formulação e aplicações possíveis

  • TRL 4 – Protótipo e funcionalidade

  • TRL 5 – Aplicação em ambiente simulado

  • TRL 6 – Demonstração/teste de protótipo com simulação

  • TRL 7 – Demonstração em ambiente operacional

  • TRL 8 – Projeto aprovado, em fase pré-comercial

  • TRL 9 – Projeto pronto para o mercado

Essa escala é útil para avaliar riscos tecnológicos, apoiar decisões de investimento, planejar atividades de P&D e definir critérios de elegibilidade para editais e políticas públicas.

👉 Liziane Tittato complementou:
“Para quem ainda tem dificuldade em identificar em que etapa está o seu produto, por isso existem as ICTs — justamente para apoiar vocês no entendimento do seu produto, de onde você está, até onde quer chegar e qual recurso está disponível para isso.”

As ICTs (Instituições Científicas, Tecnológicas e de Inovação) incluem universidades, o Instituto Senai e outras organizações — públicas ou privadas — que atuam no desenvolvimento de pesquisa e inovação tecnológica.

Dicas extras compartilhadas no Executive Meeting

  • Networking faz toda a diferença. Eventos como o Executive Meeting conectam você com financiadores e outros inovadores.

  • Atualize-se constantemente. O ambiente de fomento à inovação muda rapidamente. Acompanhe sites como o Portal da Indústria, BRDE e as novidades do ecossistema Inbix.

Conclusão: quem não busca, fica para trás.

A inovação exige mais do que boas ideias. Ela precisa de estratégia, planejamento e recursos.

 

A boa notícia? Existem oportunidades disponíveis. O desafio é conhecê-las, estar preparado e se conectar com as redes certas.

 

O Executive Meeting da Inbix foi mais do que um evento — foi um chamado para que empresas e profissionais deixem de esperar pelo futuro e comecem a construí-lo.


Por Mara Braun
Publicado em 08/05/2025 às 11h50